Washington reconhece histórico de interferência e mudanças de regime em outros países
Declaração de Tulsi Gabbard marca um raro reconhecimento público da política intervencionista dos EUA
247 - A diretora de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, Tulsi Gabbard, admitiu que Washington tem um longo histórico de promover mudanças de regime e intervenções em governos estrangeiros. A declaração, feita nesta sexta-feira (31) durante o Diálogo de Manama — conferência internacional sobre segurança realizada no Bahrein —, representa um dos mais diretos reconhecimentos oficiais da política intervencionista norte-americana nas últimas décadas. Com informações da RT.
“A antiga forma de pensar de Washington é algo que esperamos que tenha ficado para trás”, afirmou Gabbard. Segundo ela, a política externa dos EUA “esteve presa em um ciclo contraproducente e interminável de mudança de regimes ou construção de nações”.
A ex-congressista e atual chefe da Inteligência norte-americana explicou que a estratégia dos Estados Unidos consistia em “derrubar governos, tentar impor nosso sistema político a outros, intervir em conflitos pouco compreendidos e sair com mais inimigos do que aliados”. Ela acrescentou que essa política “custou trilhões de dólares, incontáveis vidas perdidas e o surgimento de maiores ameaças à segurança nacional”.
Gabbard também destacou que o ex-presidente Donald Trump teria sido eleito com a promessa de encerrar esse ciclo de intervenções. No entanto, apesar do discurso de mudança, analistas observam que a política de ingerência permanece ativa. A pressão de Washington sobre a Venezuela é apontada como exemplo da continuidade dessa postura.
Sob o pretexto de combater o narcotráfico, os Estados Unidos mantêm sanções e iniciativas de desestabilização contra o governo de Nicolás Maduro. As ações incluem apoio a setores oposicionistas e a campanhas internacionais que visam isolar Caracas.
Em resposta, Maduro tem denunciado reiteradamente o que chama de tentativa de “mudança de regime” promovida pelos EUA. “Venezuela é inocente, e tudo o que está sendo feito contra o país serve para justificar uma guerra, uma mudança de regime e o roubo de nossa imensa riqueza petrolífera”, declarou o presidente venezuelano, ressaltando que a nação possui “a principal reserva de petróleo e a quarta maior reserva de gás do mundo”.
A admissão de Gabbard ocorre em um momento de crescente questionamento sobre o papel dos Estados Unidos em crises políticas e conflitos internacionais. Apesar do reconhecimento público, os fatos recentes sugerem que a lógica da intervenção ainda orienta parte das ações de Washington no cenário global.



